sábado, 21 de abril de 2012

Cinema e não Cinema, eis a questão!

Davi Franca

(Gostei do texto abaixo, e resolvei postar para vocês)

Embora muitas vezes essas discussões percam o foco do objeto (argumento) para o sujeito (defensor), não podemos nos esquecer do predicado (fundamentação do argumento). Contudo, antes de passar ao predicado, gostaria de reafirmar minha convicção de que esse é um tema mais do que pertinente hoje. Parabéns aos que tiveram coragem de postar sua opnião e seus argumentos. Nenhum de nós está aqui para fechar a questão, mas para enriquecer a reflexão pessoal e fornecer, quem sabe, ferramentas para o ministério com nossos jovens.

Bem, vamos ao predicado.

(Obs.: 1 - minha argumentação não é quanto aos filmes, pois, dizer que cinema não é nocivo para os jovens, se o filme for bom, é o mesmo que dizer que o sexo pré-marital não é nocivo, se eles usarem preservativo. É claro que o problema está nos filmes, mas, como o sexo sem preservativo, no cinema, o filme é potencialmente mais perigoso. Como veremos.2 - A fundamentação pode parecer meio técnica no início , mas o objetivo é fornecer recursos para que cada um "monte" sua propria linha de argumentação, caso deseje.)

Creio que temos alguns princípios atemporais que podem fundamentar nossa argumentação contrária à frequência ao cinema:

1 - Argumento Ético - O cinema é uma droga!

Drogas viciam. Fazem mal e matam. Mas o que eles querem de verdade é o seu dinheiro. É claro. Mas, e daí. Todo mundo quer. Mesmo as grandes companhias que produzem produtos "bons" e úteis, como smartphones, automóveis, brinquedos e etc. querem, de fato, seu dinheiro.

Qual o problema com o cinema então? Bem, desde sempre, a indústria cinematográfica engana o cérebro pra conseguir o dinheiro do público, como a indústria das drogas. Primeiro, foram os intervalos negros entre os frames. Depois, as mensagens escondidas nesses quadros. Como virou escândalo, surgiram as mensagens subliminares de fato, captadas pela mente nas imagens do filme em si. Depois vieram os efeitos visuais e agora o 3D.

Ah! Não posso me esquecer do áudio. Cinema sem áudio é igual doce sem açúcar. A "evolução" do áudio está para o cinema como a da internet está para a computação. Não é segredo pra ninguém que a frequência ao cinema explodiu com a chegada do som. Nos EUA, por exemplo, de 50 milhões de expectadores por semana, para 110 milhões, isso em 1929.

Para saber mais sobre os efeitos do áudio no cérebro, leia: http://www.omnisonic.com/bbillings.html

Para saber mais sobre a história do cinema, veja o site da Universidade de Houston: http://www.digitalhistory.uh.edu/historyonline/hollywood_history.cfm

Então é assim, eles querem muito dinheiro. Entenda, é muito dinheiro mesmo! Para isso, precisam viciar o público. Como fazem isso? Enganando nosso cérebro. Toda e qualquer produção cinematográfica, vista em qualquer lugar, faz com que nosso cérebro produza neurotransmissores e os recapte de forma diferente da que foi planejada por Deus. Toda e qualquer produção cinematográfica tem potencial maior ou menor de isolar nosso sistema motor (área que os especialistas dizem estar os instintos) do córtex pré-frontal (área em que os especialistas dizem estar a razão), fazendo o espectador "se perder" na cena.

Em sua crítica à produção AVATAR, Jonah Lehrer, neurocientista, editor da Wired e colaborador do The New York Times diz: “At its core, movies are about dissolution: we forget about ourselves and become one with the giant projected characters on the screen. In other words, they become our temporary avatars, so that we're inseparable from their story. (This is one of the reasons why the Avatar plot is so effective: it's really a metaphor for the act of movie-watching.)

Veja o que diz esse estudo da Universidade Hebraica: "Our results show a clear segregation between regions engaged during self-related introspective processes and cortical regions involved in sensorimotor processing. Furthermore, self-related regions were inhibited during sensorimotor processing. Thus, the common idiom ''losing yourself in the act'' receives here a clear neurophysiological underpinnings."

Para saber mais, leia o artigo na íntegra em:

http://psiexp.ss.uci.edu/research/teachingP140C/Papers/hasson_2004.pdf

O Problema é que as salas de cinema são projetadas para amplificar esse potencial nocivo. Dilatação das pupilas, relaxamento muscular periférico, baixa/alta frequência do sistema de som, enxurrada de dopamina no córtex pré-frontal e por aí vai.

Resultado: dependência psico-físico-bio-químico-neurológica, na certa!

Seja sincero! De onde vêm isso? Por isso, repito, o problema é sim o lugar.

Como cristão, discordo do método utilizado pela indústria cinematográfica para obter seus lucros. É uma indústria anti-ética em todos os seus pormenores. Mas quando o assunto é a sala de cinema em si, aí a coisa piora.

2 - Argumento Social - O Cinema afasta as pessoas!

Não me venha com essa de que cinema é um programa social! A menos que você seja parte de um casal de namorados que gosta do escurinho para se “aproximar” mais! No cinema você se transforma num anônimo, isolado do colega do lado, ou do filho, ou de quem for. Rodeado por estranhos, sem poder discutir o tema. Afinal, a interação social sempre foi baseada no diálogo, que é proibido no cinema, sob pena de disciplina por remoção. Cinema não é lugar para conhecer gente nova, aprender novos bons hábitos ou desenvolver confiança nas pessoas. Não é pra isso que as pessoas vão ao cinema. Pra isso elas tem a igreja, o que sai mais em conta. Aliás, não é segredo também que a frequência à igreja e ao cinema são inversamente proporcionais. Não deixa de ser curiosa, ainda, a relação entre a explosão do cinema e a falência da família, a tal “célula matter da sociedade”.

Como cristão, discordo da utilização do cinema como programa social. A experiência mostra que, em vez de aproximar as pessoas, o cinema as afasta. Creio que temos inúmeras boas alternativas para o convívio social. Se não temos, devemos criá-las.

3 - Argumento Financeiro - O cinema é um roubo!

Em tempos de crise global, as empresas estão fazendo o máximo para cortar custos e manter lucros. A indústria cinematográfica tem dificuldade de cortar custos, pois sustenta a ostentação de “estrelas”. O custo chega ao consumidor final na forma de ingresso. Promoções imperdíveis, programas de fidelidade, sorteios, meia para estudantes são métodos de estimular a assiduidade.

É evidente que esse processo se repete em todos os setores produtivos, mas com um cinema, há um detalhe interessante. O que o cinema produz de bom? Uns diriam cultura. Outros arte. Eu digo NADA. O máximo de “concreto” que o cinema produz são o consumismo e o modismo. O cinema é de fato a indústria da ilusão. R$ 30, R$ 40, 50$, ou mais, por nada mais que cento e poucos minutos de pura ilusão, fora a pipoca. E agora têm as salas VIP, onde você tem todo o “conforto”. Quatro vezes por mês, isso pode levar mais de duas centenas de reais do seu orçamento. Dinheiro que poderia ser muito melhor empregado no cuidado com a saúde pessoal, em uma especialização, em um curso profissionalizante, em bons livros e tal.

Se alguém que você não conhece se aproxima de você e pede R$ 200,00 de forma incisiva, você já sabe que é um roubo. Esse pessoal faz isso todo mês com nossos jovens e ninguém fala nada. E tem gente que diz que os pastores não podem mais “falar mal” do cinema.

Como cristão, não considero sensato usar os recursos que Deus me dá por meio do esforço do trabalho para sustentar a ostentação da fábrica de ilusões do cinema.

4 - Argumento Espiritual - O cinema nos afasta de Jesus!

Não. Não é verdade que Jesus fica do lado de fora do cinema. Esse é um argumento desesperado de pais que não querem ver seus filhos metidos em encrencas. Então, é mais fácil dizer que Jesus fica de fora de qualque rlugar que eles não querem que seus filhos vão.

O problema não é Jesus ficar fora do cinema. O problema é quando Ele fica fora do coração, ou melhor, da mente. O cinema é o meio mais eficaz de promoção do amor ao mundo. E a Bíblia diz que se alguém ama o mundo o amor de Deus não está nele. Todos sabemos que isso não significa que Deus não ama mais aquele que ama o mundo, e sim que aquele que desenvolve amor pelo mundo não consegue mais amar a Deus da mesma forma. Criaram uma palavra bonita pra isso: Secularismo.

Dizem que nossa igreja está secularizada, e por isso, se falamos para os jovens não irem ao cinema, eles não vão querer mais ir à igreja. Pode acontecer com alguns. Mas o jovem adventista é sensível para perceber nossa sinceridade. Estamos mostrando que o cinema é prejudicial para sua fé? Ou será que estamos apenas tentando exercer autoridade?

Nossa natureza pecaminosa e nosso amor pelo mundo são excitados ao máximo pelo cinema, que assim nos afasta de Jesus. Por isso, como cristão, creio que não devo permitir que minha vida espiritual seja empobrecida pelo cinema.

5 - Argumento Missiológico - O cinema é nocivo para o senso de missão!

Sal da Terra? Luz do Mundo? Conversa! Os cristãos de uma forma geral têm sido apagados e se tornado insípidos pelo que o mundo diz que é “legal”. “Jesus comeu com pecadores!” “Jesus ia às festas!” “Jesus era normal!” Dizem os defensores do entretenimento. Esquecem que o cinema da época de Jesus eram as lutas dos gladiadores. O UFC de então. Ou o ainda incipiente teatro, onde personagens simulavam batalhas, atos sexuais e coisas afins. Talvez as corridas de cavalos, origem do nome circo.

Tenho cá minhas dúvidas sobre o fato de Jesus ter gasto dinheiro para assistir a um desses “espetáculos”. Por que? Primeiro, porque a Bíblia não diz que Ele o tenha feito. Segundo, porque não me parece que seria uma atividade condizente com o Seu perfil traçado pelos evangelhos. Terceiro, porque Jesus tinha uma missão.

Mesmo quando estava com “pecadores” seu objetivo era salvá-los. Não queria apenas gastar tempo com eles. Queria transformar suas vidas. Como? Mostrando que tinha algo melhor.

Gostei do comentário do colega Tomaz Abrantis da Silva sobre o “Calebe na veia!” Se conscientizarmos nossos jovens de sua missão nesse mundo eles verão que o cinema não ajuda em nada. Ao contrário só atrapalha. Por que? Todo colportor sabe que tem que acreditar no livro que vende para ter sucesso. Como acreditar em um novo céu e uma nova terra, na eternidade, na volta de Jesus se estimulo minha mente a se fixar cada vez mais nas coisas deste mundo?

Imagens e sons potencializam a gravação de conceitos mundanos e impuros na mente dos nossos jovens. Na hora, parece que não aconteceu nada. Mas quando a carne é desafiada seja no namoro, nas amizades, na vida, na faculdade, ou nos planos para o futuro, as decisões virão do incosciente. E o que é que tem lá? Holywood tem a resposta.

No Antigo Testamento, Israel foi escolhido para mostrar às nações ao redor como era o verdadeiro e único Deus. Ao se acomodarem ao estilo de vida das nações ao redor, perderam seu foco, seu senso de missão e sua identidade. Não podemos deixar o drama se repetir.

Como cristão, creio que devo evitar o cinema, pois estimula minhas paixões e impulsos e grava conceitos mundanos em minha mente, me torna acostumado com o mundo, enfraquece minha espiritualidade e minha fé nas promessas de Deus, me fazendo perder o senso de urgência de minha missão.

terça-feira, 17 de abril de 2012

A Permanência da Idolatria

 

Terminei de ler um artigo interessante do Dr. Stephen Rosenberg, um dos Arqueólogos Sêniores do Instituto Albright em Jerusalém, postado pelo Rav Richard Elofer.  Foi uma indicação do meu Chaver Gledson Montenegro, que me pediu uma opinião. Enquanto escrevia no Facebook para ele, pensei que seria interessante para vocês, chaverim e chaverot.

idolatria-imagemComo disse, o artigo é muito interessante. Seu tema é a permanência dos ídolos na adoração judaica, transvestidos de ícones visíveis, como a Torah ou um Rabino muito querido. É um tema espinhoso, que toca conceitos essenciais do judaismo, ou da própria Religião. Afinal de contas, todas as religiões de alguma forma possuem seus ícones, humanos ou não.

O questionamento de Rosenberg é multiforme: Quando a reverência se transforma em adoração? É possível ser reverente, no contexto religioso, sem que adoração seja o resultado?

Prover respostas a estes questionamentos demandaria muito mais que este post no blog. Demandaria praticamente um tratado talmúdico. Por isto, quero apenas refletir sobre o texto ou sobre a ideia do autor.

O autor toca o ponto nevrálgico da religião: adoração. De fato, a religião surge da necessidade do relacionamento com algo superior a si mesmo, que nos possibilite explicar a origem do que existe e o fim último de todas as coisas. No contexto judaico-cristão, este Algo é o Todo-Poderoso, o Eterno, cuja existência antecede, supercede, e segue a todo a realidade!

Diante deste Ser Numinoso, o homem se percebe pequeno por um lado, mas confortado por outro. Sua existência não é mero acaso e não está necessariamente restrita ao intervalo desta vida. Do encontro com o Numinoso,  brota no coração do homem aquilo que chamamos de adoração. É a sensação de estupefactação diante da grandiosidade do Outro e da necessária reverência diante dEle, reconhecendo a distância ontológica entre o homem e o Numinoso, e a aproximação que a Graça produz.

E como se manifesta o Numinoso? De múltiplas maneiras, como já dizia o autor de Hebreus na abertura de seu belo sermão: “Havendo D-us falado outrora… de muitas maneiras…”.  A multiplicidade da revelação impossibilita a concepção monolítica do magistério da Igreja (não confundir com autoridade da Igreja, em termos de Halachá), segundo a qual existe apenas um meio de contato entre o homem e  D-us. Uma das formas da revelação é através de Locais sagrados. Ou objetos Sagrados. Ou Tempo Santificado.

Noutras palavras, embora adoração seja fruto da resposta do coração à auto-revelação da Divindade, sua expressão deve, em tempos específicos, determinados pela própria Divindade, ocorrer  em Locais definidos pela Divindade, da forma Determinada pela Divindade e com objetos que evoquem a presença da Divindade e a tornem marcante na mente do adorador a sensação da presença da Divindade naquele lugar  naquele momento.

É daí que surge, em minha visão, uma fraqueza do texto de Rosenberg. Sua análise se baseia primordialmente na forma, sem contudo entender a essência. Quando ele fala, por exemplo, das grandes aglomerações ao ocorrer a morte de um Rabino Chassidim, ou do Rebê, Rosenberg olha para a capa e ignora o conteúdo. Ele percebe a reverência ao Rabino e a confunde com adoração ao Rabino, desconsiderando o fato de que à reverência não é sequer ao Rabino, mas ao conhecimento do Eterno que aquele rabino possuía e cuja vida dedicou a nutrir, explorar  e ensinar.

Torah_02Da mesma maneira, a percepção quanto ao reverência diante da Torah, ao respeito demonstrado no ato de beijá-la e tocá-la quando ela é retirada do Aron dificilmente pode ser justificada como o autor o faz. De fato, penso que o autor superestima o papel da Torah e mal intepreta o ritual da hotsá torah, baseada em uma intepretação do ritual e não no rito ou no objeto em si.

O fato é que a Torah representa para o judeu, onde quer que ele esteja, a presença visível do D-us. É a Shechinah escrita! Onde quer que ela, a Torah, esteja, junto com o Shabbat, sua proclamação é sempre de paz e esperança ao judeu daquele lugar, afirmando que sua existência não é casual, mas causal! Ele não existe como mero mover-se de intrincados processos políticos e sociais, mas pelo chamado e pela Ação poderosa do Numinoso, Seu D-us, Adonay, que a Torah proclama ser o Único D-us, e o Criador de Todas as coisas.

Desta forma, a Torah é vista como uma poderosa expressão do caráter de D-us e de Seu amor por Israel (Talmud Bab. Shab. 105a fala das asseret dibrot como a alma escrita de D-us). É a esta expressão que o judeu pieodoso responde com beijos e reverência. Noutras palavras, é ao D-us apresentado na Torah e atuante em sua história, que o judeu reverencia e adora, não ao ícone.

Baruch HaShem por Sua carta de Amor a Israel amo e à humanidade!

Parasha: Vayicrá (Lev.) 9:11-11:47

Haftará: Shabbat Machar Chodesh / I Samuel 20:18 - 20:42

B’rith HaChadashah: Hebreus 8:1-6

* Numinoso é um termo utilizado por Rudolf Otto para descrever a sensação do Sagrado e do Santo. Uilizado em relação à divindade, diz respeito ao próprio Ser Divino e ao Papel Ativo no Processo de transformar a alma.  A mesma  palavra é usada por Jung, em um sentido diferente.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Vayerah

 

Bereshit 22:1-2

Haftara: 2 Reis 4:22-23

B’rit HaChadasha Marcos 5:34

A parashá de Vayera (Gênesis 18:1-22:24) contém uma das mais intrigantes e ao mesmo tempo significativa história das Escrituras. Não apenas da Torah, de toda a Escritura, Hebraicas e gregas, Antigo e Novo Testamento. É a história do sacrifício de Isaac, a Akedá.

O nome da parashá, vayerah, acentua sua ênfase no ver. Em cada uma das histórias contadas, o ato de ver é importante: Abraão vê os forasteiros, D-us desce para ver os pecados de Sodoma. A mulher de Ló olha para trás. D-us vê a angústia de Hagar e esta uma fonte de água. Por fim, Abraão vê um cordeiro para o sacrifício em lugar de Isaac.

akedah_1

De cada trecho da parashá, de cada história contada é possível apreender significados. É possível extrair lições. A começar pela visita dos anjos. Perceba que não houve nenhuma teofania, não bradaram os montes, ou rugiram os ventos ante a presença do Eterno. De fato, aqueles homens nem mesmo se apresentaram a Abraão. Foi ele quem a seu encontro foi e lhes rogou que com ele compartissem uma refeição. Este era Abraão. O homem que amava. Aquele cuja perfeição era a perfeição do Amor, não apenas a perfeição do “obedecer” como Noé. Para Abraão, uma boa refeição era aquela que podia ser compartilhada com um viajante que lhe cruzava o caminho. Uma boa viagem era aquela que podia ser feita o lado de sua família. Este era Abraão. Um homem que amava. Tanto amava que, ao ser informado da impendente destruição de Sodoma, intercede. Simples assim: Intercede. De fato, ele não está interessado apenas em salvar alguns poucos justos, sua família. Ele quer a salvação de toda a cidade, por amor daqueles justos. Ele sabe o poder de transformação que vidas entregues a D-us, guiadas por D-us e ansiosas por D-us, podem ter em seu ambiente. Ele era assim: um homem de fé.

Não há nada impossível para D-us. Nem mesmo ignorar os pecados de uma cidade ou de uma geração, por amor a Seus justos; por amor daqueles que invocam o Seu Nome. Era este D-us, o Eterno, El Shaday, O juiz de toda a Terra que Abraão conhecia. E o conhecia de forma próxima, muito próxima, pois dEle recebera a promessa de que seria pai de grande nação.

Ainda assim, faltou algo. Faltaram fibra e verdade em um momento de incerteza e medo. E ele mentiu. O santo homem de Deus, a quem o Altíssimo não ocultou o segredo da destruição de Sodoma, com quem o Todo-Poderoso HaShem compartiu a mesa, mentiu. E não era a primeira vez. Pode soar estranho, mas este episódio me traz certa paz. É verdade. Paz, porque demonstra que não importa quão longe você vá, nem quanta bobagem você faça, D-us continuará te buscando. Paz, porque se um homem santo, que andava com D-us pode ser pecador como eu, ter as mesmas faltas que eu, errar naquilo que erro e ainda ser justificado, eu tenho esperança. Se ele andou pelo caminho que eu ando, posso também andar pelo caminho que ele andou. Se ele se sujou na lama que eu vivo, eu posso me lavar na água que ele se lavou. Se a ele foram feitas promessas, a despeito de seu ato errôneo, mas por seu certo e seguro arrependimento, a mim é estendida a mesma mão perdoadora e as mesmas palavras de promessa.

Abrãao falhou. Mas foi perdoado e chegou o tempo do nascimento de Isaac. Grande alegria e regozijo. Anos de prazerosa companhia. De acordo com a tradição, foram 37 anos de alegrias e companheirismo. Adonay cumprira Sua promessa: ele seria uma grande nação.

Então, O Eterno o chama e requer algo inimaginável: o sacrifício de Isaac. Como? Talvez nossa mente ocidental buscasse imediatamente uma racionalização: Mas, Adonay... ele é o filho da promessa... ele é o filho... ele é meu filho... ele é meu. Ele, ele, ele, meu, meu, meu, eu, eu. Talvez nossa mente desafiadora houvesse imediatamente retorquido: “Não Matarás foi o que o Senhor disse. Eu guardo tuas leis. Não vou matar meu filho. Esta voz que ouço não é a do Eterno.”, ou outras racionalizações e desculpas semelhantes.

Temos olhado este episódio, de forma correta, como um exemplo da fé de Abraão. Mas eu gostaria de propor que ele carregue outro propósito, outro contexto, e com isto outra lição. Quero propor que há no relato indicações de que Abraão, embevecido pela promessa, esqueceu-se do Deus da promessa. Apaixonado pelo filho que o Eterno lhe deu, começou a olhar menos ao Eterno que lhe deu o filho. É por isto que Deus lhe diz: “toma teu filho, teu único, a quem tu amas...” Veja como D-us se refere a Isaac: “Teu filho, Teu único, Tu amas”. Isaac era o centro das atenções do patriarca, ele era de Abraão, não mais de D-us. Ele era o sonho Abraão em realidade, não mais a promessa de Deus em carne. Por isso: teu.

Posso pensar como cada palavra de Adonay encontrava o coração de Abraão e como ele percebia o erro que havia cometido. Ele deixara de olhar para o Deus da promessa para olhar para a promessa. E D-us agora lhe demanda. Ele nada sabia quanto a ser um teste. Ele via apenas a realidade de seu ato. O que ele tomou como seu, D-us lhe faz lembrar que era dEle.

Imagino como foi aquela caminhada, pensativa e triste. Imagino a dor de Abraão ao responder a pergunta de Isaac quanto ao cordeiro. Não imagino, nem de longe, o que lhe haverá passado pela cabeça quando ergueu o cutelo para imolar ao próprio filho.

Releia a História e se coloque na posição de Abraão.  Qual é o seu Isaac? O que você precisaria colocar no altar de Moriá? O que terá D-us de te pedir em sacrifício? E, então responda a si mesmo, se teria a mesma presteza e obediência de Abraão: “Eis-me Aqui...”?

Sabe, talvez você esteja pensando em algo ruim e que te afaste de D-us. Pense mesmo. Mas Isaac não era algo ruim. Isaac era uma benção. Uma benção que se transformou em um obstáculo para outras bênçãos maiores.

Ali, na Akedah, Abraão entendeu isto. Quando D-us o chamou e impediu que ele sacrificasse o rapaz, ele entendeu que bênçãos só são bênçãos quando são utilizadas como bênçãos e servem ao propósito de D-us, que é o doador de todas elas. E por haver isto entendido, ali em Moriah, Abraão se torna o Pai da Fé.

Fé é a certeza daquilo que não se vê. Na história da Haftará, a hospitaleira sunamita, também não viu a ressurreição, mas creu. O que ela tinha de certeza, era seu filho morto nos braços. Como Abraão, era seu filho da velhice. Era fruto de uma promessa. E lhe escapava pelos dedos. Mas como Abraão, ela cria. E, crendo, buscou o profeta Eliseu, que intercede e D-us ressuscita do garoto.

No texto que lemos, o que mais impressiona é a resposta dela à inquirição do marido quanto ao motivo de ir ter com o profeta: “Fica em paz.” Mas será que ela mesma tinha esta paz?

Os versos lidos e os imediatamente anteriores dão a entender que ela possuía uma grande certeza na ressurreição do garoto. Mas ao chegar ao profeta, e derramar seu coração, Eliseu diz que ela era portadora de grande angústia. Onde está a paz?

Na fé! A fé não tira as angústias, mas alivia o fardo. A fé não remove o cansaço da caminhada, mas lhe dá sentido. A fé pode não impedir a morte, mas dá certeza da ressurreição. A fé não impede o sofrimento, mas enche de paz.

Ter fé, entretanto, não significa que não podemos chorar diante de D-us. Significa, sim, que choramos diante dEle, porque cremos que Ele é capaz fazer algo.

E este algo grandioso é o que é afirmado no texto da Brith HaChadasha, o Novo Testamento: “Minha filha, a tua fé te salvou... vai em paz.” Estas mesmas palavras, creio, ressoaram aos ouvidos da Sunamita: “paz... tua fé salvou o menino...” e de Abraão: “Vai em Paz... Tua fé salvou o rapaz”.

A Paz verdadeira que soou nos ouvidos de cada um deles é a paz do Messias, de Yeshua, de Jesus. Ele era aquele Cordeiro, que tomou o lugar de Isaac, para dar paz ao coração atribulado de Abraão. Ele tomou sobre si a morte que era do filho da Sunamita e deu ao garoto a vida que era Sua. Ele tomou a impureza da mulher e a extinguiu, pondo no lugar a Sua pureza e saúde. Ele é a paz verdadeira, Ele é a salvação. Por isso, pode dizer com autoridade “a tua fé te salvou... vai em paz.”

Estas palavras querem continuar aliviando dores e corações. Querem continuar abrindo ouvidos e olhos, e permitindo ouvir e “ver” (shama vayerah).

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Tempo de Vida: Pessach

 

Chegamos a Pessach. Fazemos uma pausa na nossa sequencia de leituras semanais, as Parashot, para recontar, relembrar e reviver a história do Êxodo, a História da Libertação e Saída de nosso povo, o povo de Israel, da terra do Egito.

Para cada dia deste zman qadosh, lemos um trecho específico da Torá, acompanhada de uma Haftará especial:

Dia

Torá

Haftará

Berit HaChadashá

1

Exodo 12:21-51 Josué 5:2-6:1, 6:27 João 1:29

2

Levítico 22:26-23:44, Numeros. 28:19-25 2 Reis 23:1-9, 21-25 Lucas 22:1-22

3

Exodo.  13:1-16; Numeros 28:19-25
   

4

Exodo. 22:24-23:19    

5

Ex. 33:12-34:26;
Numeros 28:19-25
   

6

Numeros  9:1-14; Numeros. 28:19-25
   

7

Ex. 13:17-15:26; Numeros. 28:19-25
2Sam. 22:1-51  

8

dia comum: Deut. 15:19-16:17;
Shabbat: Deut. 14:22-16:17;
Num. 28:19-25

Isaias 10:32-12:6 Apocalipse 15

 

 

Nisã é o primeiro mês do primeiro ano do Calendário do Libertos de Israel. Um novo mês, que marca o início de uma nova Vida. Vida de liberdade no Eterno. Vida a ser celebrada em cada casa, a cada ano, por cada família como estatuto perpétuo. Vida a ser dedicada ao Eterno, como memorial do Seu Poder libertador e de Seu Amor e Graça Redentora. Vida que se apressa em estar diante do Eterno e cumprir  Seu querer.

Vida que reconhece que sem o Sangue do Cordeiro sobre as portas, ela não existiria. Vida que se alegra em caminhar na direção de Terra desconhecida, pois o D-us conhecido ordenou. Vida que louva pela Vida que foi entregue em seu lugar. Vida que espera ansiosa pelo cumprimento da promessa da Vinda dAquele que é Vida.

Vida que Almeja a Manifestação da Glória do Eterno e de Seu Messias! Vida que estará eternamente na Casa do Eterno, para celebrar Seu Poder e Sua Redenção.
Isto é Pessach! Vidas unidas em Celebração da Redenção e da Libertação efetuada pelo Eterno, o Altíssimo! Por isto, este vos será “o primeiro mês”.  Tudo se fez novo! Tudo se fará novo, neste primeiro mês do restante de nossas Vidas!
Vinde, Vivamos! Celebremos ao Eterno, o autor de Nossa Redenção!

Baruch HaShem!

Vayshlach

Bereshit 32:27-28

Haftara: Obadias 1:15-17 (Oséias 11:7-12:4)

B’rit HaChadasha Mateus 11:28-30

Jacó e o AnjoA Parashá (porção)  de Vayshlach começa em Gênesis 32:4 e se estende até Genesis 36:43 e trata de eventos em torno de Jacó e seu encontro com Esaú. A descoberta de que ele viria ao seu encontro. A luta renhida durante a noite no vale de Jaboque. O encontro com seu irmão. A partida para Sukkot. A violação de Diná e a vingança de Simeão e Levi. A renovação da aliança de Deus com Jacó em Betel. A morte de Isaac e a descendência de Esaú.

De todos os episódios aqui narrados, o mais comentado, o mais estudado é sem dúvida alguma a luta de Jacó em Jaboque. Em nosso meio, este evento é visto com tipo da angústia final nos tempos da perseguição. Em sentido escatológico, é possível se extrair lições importantes, mas em um senso mais pessoal e imediato também encontramos algumas lições.

Antes de mais nada é interessante analisar a situação de Jacó: Por 20 ou 21 anos esteve trabalhando com Labão, havendo por salário as filhas. Saindo dali, é perseguido pelo sogro, e com ele faz uma aliança de não agressão, em Galaade. Mal se recupera do entrevero com Labão, tem que se defrontar com Esaú. É um momento de grande angústia para o Patriarca. E ele faz a coisa certa: Busca a Deus e reclama suas promessas! Ele se joga angustiado diante de Deus e reclama ao Altíssimo o cumprimento de Suas palavras, com promessas de proteção e de descendência. Ainda que angustiado ele se lembra das mercês de Deus para com ele. Esta é uma importante lição. Por mais negro que seja o horizonte à frente, é preciso olhar para trás e visualizar a Luz protetora e salvífica que emanou da companhia de Deus em nossa vida. Na verdade, esta luz que esparge dos constantes atos divinos em nosso favor deve estar diante de nossos olhos constantemente, permitindo que enxerguemos para além da tempestade, dos obstáculos e problemas. Ela foi o farol de todos os grandes homens da história da redenção.

Voltemos a Jacó. Inconstante é a melhor palavra para defini-lo aqui. E não é demérito, afinal de contas ele era humano e nós humanos em situação de medo somos inconstantes em nossas ações, até irresponsáveis, e principalmente somos instintivos, apressados. Veja como Jacó, até aquele momento em oração, demandando de Deus o cumprimento da promessa, em um arroubo de imediatismo e apuro tipicamente humanos, resolve tomar as rédeas da situação em suas mãos: ele traça um plano de abordagem a Esaú: “vou comprá-lo com presentes!” Eis o velho homem! Ele quer ludibriar o irmão, manipulá-lo com posses, com presentes, com riqueza. Ele ainda não havia entendido nada. Novamente a angústia cai sobre ele. E ele não dormiu. Apesar de sua linda oração, reclamando a promessa, ele deixou de repousar na certeza de que o Deus que lhe havia prometido proteger, estaria ao seu lado, adiante dele. E por isto houve batalha.

O texto que lemos narra o resultado de uma batalha travada por Jacó com um homem um ‘ish, que lutou com ele toda a noite. A identidade deste homem foi discutida por rabinos, sábios e comentaristas. Considerando o que é dito em Oséias 12:4 e pelos Testemunhos, entendemos que sua luta ali foi com o próprio Cristo. Entretanto, gostaria de fazer um exercício midráshico aqui e explorar alguns outros sentidos possíveis:

Primeiro: o termo utilizado para descrever a luta entre Jacó e o ‘ish, em hebraico guarda semelhança fonética com o nome do próprio patriarca Ya`akov: Ye’avek. Isto poderia indicar uma luta de Jacó consigo mesmo. É como se o resultado do encontro com D-us lhe houvesse causado uma intensa batalha com seu próprio caráter, com seu Ietzer Hará. Este é o resultado natural de um encontro com D-us ou seus mensageiros: somos confrontados de forma poderosa com a depravação e sujeira de nossa própria vida, com a nossa falta de fé, com nossa hipocrisia, enfim, com todas as nossas lutas diárias. Como vencê-las? O Hefetz Haim nos diz que sobre 3 bases: “Hesed (Bondade), Avodá (Adoração a D-us) e o Estudo da Torah”.

Segundo: É dito que Jacó venceu. Como poderia ele haver vencido a um anjo? E como poderia haver vencido ao Filho de D-us? Apenas pela Misericórdia. Oséias (lido como Haftará em algumas comunidades Askenazitas) nos diz que ele prevaleceu por suas orações. Eis aí mais um segredo de uma vida vitoriosa: oração. A oração permite que as batalhas sejam lutadas e vencidas. Se há que lutar com D-us, lute com Ele em oração. Derrame-se diante dEle e reclame as Suas promessas. Não há nenhum mal em demandar de D-us o cumprimento das promessas em sua vida, desde que sua vida esteja preparada para receber estas promessas. Não há mal em lutar com D-us quando a angústia vem, reclamando de Sua promessa de estar contigo. O mal está em colocar-se diante de D-us para pelejar uma batalha na tentativa de mudar a D-us, de mudar um ditame divino, uma ordem do Eterno.

Terceiro: Para lutar com D-us é preciso se aproximar de D-us. Interessantemente, a Torah diz literalmente que Yaakov lutou “COM” D-us e os homens, `im. Esta preposição indica proximidade. Por outro lado, o texto parece querer dizer que a luta de Yaakov em todos os momentos foi ganha “com” o poder de D-us. Mesmo quando ele lutou com D-us, a fonte de sua vitória foi o próprio D-us! Isto quer dizer que D-us não estava ocultando uma benção do patriarca, nem lhe era contrário, mas Se permitiu reter para ensinar a ele que a vitória sobre o ódio de Esaú e sobre seu exército não seria ganha por presentes e mensageiros, mas pelo próprio D-us. Não serviria de nada enviar juntas de bois, gado e servos se o Eterno não houvesse já ganho aquela batalha na mente e no coração de Esaú.

O Eterno então muda o nome de Jacó para Israel. Sua batalha com D-us traz dupla recompensa: Seu nome, manchado por suas atitudes passadas, ligado a uma história de usurpações, é mudado. Um novo nome lhe é dado, simbolizando seu encontro com D-us e lembrando a ele e a todo um planeta que em D-us há vitória e libertação. Que para o Altíssimo, o passado é apenas isto: passado, para todos os que se aferram a Ele e reconhecem o Seu poder em abençoar. Ele é o Libertador em Sião. Esta é a segunda recompensa: libertação, redenção e proteção.

Deste libertador nos fala o texto da Haftará. Seja o texto de Obadias, seja o de Oséias, falam da vontade de D-us em libertar Seu povo, e declaram que Ele toma sobre Si a responsabilidade final de extinguir os inimigos e de Libertar. Tome Esaú como um símbolo de tudo o que aflige o povo de D-us: Dor, Sofrimento, Angústia mental e física, temor, frio, fome. D-us nos diz em Obadias que quando Ele se assentar em Sião, haverá um fim para tudo isto, pois o povo de Jacó herdará tudo.

Por isto, na Besora somos convidados a descansar no Messias, Yeshua, Jesus, nosso Salvador e nossa herança. Ele batalhou a maior das batalhas por nós. Éramos como Jacó naquela noite: estávamos diante de um inimigo muito maior, muito mais poderoso do que nós: a morte eterna. Mas Ele arrancou nossos braços da cruz que era nossa e pregou os Seus. Nele podemos descansar.

E quando Nele descansamos, quando ele passa a viver em nós dEle recebemos forças, ânimo e motivação para cumprir os três pilares da vida:

Olhamos ao mundo de forma mais bondosa e amorosa. Preocupamos-nos com o futuro das pessoas, mas também com seu presente. Olhamos a todos como seres especiais, criados a imagem e semelhança do Altíssimo, comprados por preço e por quem Ele se ofertou. As vemos como vivendo agora em uma angústia para a qual existe uma solução: Jesus o Messias. Isto é Hesed.

Entendemos então parcamente o tamanho do amor de D-us pelo mundo e por cada um de nós. Ele se permitiu vencer ali no Jaboque, porque Ele queria abençoar. Ele se permitiu matar ali no Calvário, porque Ele queria Salvar! Ele tem Se permitido ser questionado hoje, porque Ele quer responder amanhã de forma completa e final! Quando entendemos a ação de D-us no Jaboque e no Calvário, entendemos porque o Eterno merece ser adorado! Então, nos deleitaremos na Avodá!

Por fim, quando entendemos o papel da Torah, dos profetas e da Brit hadasha no plano salvífico traçado por Ele, então nos deleitaremos em passar horas meditando em Sua palavra ali gravada. E em cada página lida, em cada palavra sorvida com anseio, mais saciados seremos da fome espiritual que nos aflige, mais poder teremos para lutar as batalhas, pois nestas páginas encontramos ao El Elohey Ysrael O Poderoso Deus de Israel, andando entre nós e nos tirando toda a carga da angústia, todo o pesado jugo e nos fazendo o convite: “tomai sobre vós o meu jugo” E o Seu jugo é leve, pois é vitória.

Israel, Muito Obrigado!

 

foi por vocêPor muitos e muitos anos, temos ouvido ser lançada sobre o povo de Israel a acusação de Deicídio ou a Morte de D-us.
Em vista disto, e da leitura de Mateus 27:25, muitos judeus foram mortos e torturados. Por vingança da morte de Jesus, Yeshua.

Hoje, neste Pessach, estou aqui para dizer que ao invés de acusá-los, deveríamos dizer "Israel: Muito Obrigado!".
Não pela tortura e feiura da morte que nem foram atos teus, mas impingida pelos Romanos. 

Muito Obrigado, antes, pelo Sacríficio da Morte que traz Vida!

Muito Obrigado por haverem cumprido o que o Eterno havia planejado para Salvação da humanidade: O Sacrifício do Cordeiro, que Tira o Pecado do Mundo (Jo. 1: 29).
Sacerdotes

Muito Obrigado, por cumprirem fielmente e fidedignamente o papel que o Eterno lhe designou: o de Povo Sacerdotal (Ex. 19:6), que teria sob sua responsabilidade oferecer o Verdadeiro Sacrifício Contínuo.

E quero também, havendo agradecido, pedir perdão. Perdão por Séculos de incompreensão do Plano da Redenção. Séculos de má compreensão do seu papel, Israel, nos planos de D-us.

Perdão por uma vingança sem fundamento e sem propósito.

Quem disse que o nosso Jesus, Yeshua, pediu em algum momento que alguém vingasse Sua Morte? Não foi Ele mesmo quem disse que entregava Sua Vida voluntariamente (João 15)?
Não era exatamente a Sua Morte que nos traria Vida e que faria, por ela, uma aliança com muitos? (Dani. 9:24-27, Isa. 53)


Perdão, perdão, perdão! Por séculos, os "cristãos" tem sido incapazes de compreender a contradição entre a pregação de Cristo, o destino Dele, e seus atos de vingança!


Mas agora, agora basta! Se alguém gritou "que Seu Sangue Caia sobre nós e nossos filhos", Ele sussurrou "Pai, perdoa-lhes pois não sabem o que fazem!" Ele, se culpa houvesse, a culpa removeu, pois pediu a Seu Pai e D-us que perdoasse! Ele Perdoou! Mas não foi a culpa pela Morte que Ele perdoou, pois culpa não havia, mas a insensatez de lançar sobre si uma maldição quando cumpriam o Seu Plano de Amor e Graça.
O Cordeiro Morreu!  O Sacríficio foi feito e o Sangue derramado! Seu Sangue caiu não apenas sobre aquela multidão e seus filhos, mas sobre nós e muitos milhões, que antes estavam sob a Ira de D-us, mas agora, foram com Ele reconciliados (Efe. 2) e lavados de seus pecados por Seu Sangue (Apoc. 21). O Seu Sangue caiu sobre eles, não para vingança, mas para Salvação e Redenção!


É Pessach, é Páscoa, fui por Mashiach, em Sua Morte, liberto das amarras da escravidão e do pecado, e, por isto, estou aqui para dizer:

"Israel, Muito Obrigado!"

Baruch HaShem!